O governo Federal escolheu a cidade de Itacuruba, no sertão do São Francisco, como a primeira opção para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste.
O Blog de Jamildo teve acesso ao documento com exclusividade e revela os detalhes.
De acordo com o documento oficial, o sítio reúne as melhores condições porque conta com solo estável, oferta de água em abundância e também está localizado nas proximidades das linhas de transmissão da Chesf. A água é usada para resfriar os sistemas de geração da usina atômica.
Datado do dia 19 de janeiro passado, o documento A Rota da Expansão da Energia Nuclear no Nordeste é assinado pelo engenheiro Carlos Henrique Mariz, diretor da Eletronuclear no Nordeste. Ele trata justamente da implantação da central nuclear do Nordeste.
Até então, o que se sabia oficialmente é que o empreendimento federal poderia ser localizado em alguma cidade às margens do Rio São Francisco.
O terreno apontado como opção fica às margens do Lago de Itaparica, no sertão. A usina pertence à Chesf, que administra também o reservatório.
O prefeito de Itacuruba, Romero Ledo, está eufórico com a indicação. Caso o investimento seja concretizado, a cidade ficará rica, com obras e investimentos sociais. A Eletronuclear paga uma fortuna em royalties para os municípios que abrigam empreendimentos da mesma natureza, como compensação ambiental.
No entanto, o próprio documento frisa que a decisão será política.
Na fase de construção, a obra pode demandar mais de 2,5 mil empregados, de acordo com o estudo. Para operação, cerca de 600 empregados seriam necessários, ajudando a manter uma alta renda na cidade.
De acordo com o documento, o município foi escolhido depois de passar por uma peneira. Foram estudados 10 sítios primários em quatro estados (Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas). A área candidata ficou entre Pernambuco e a Bahia, entre as cinco opções propostas.
No caso, a Eletronuclear já fez três missões ao sítio Belém de São Francisco. Cerca de 8 quilômetros quadrados de área já estariam reservados para a estatal.
A Central do Nordeste, segundo o estudo, teria seis usinas, com capacidade de geração de cerca de 6600 megawatts, com seis reatores e em uma vida útil de 60 anos. Com uma expecativa de lucro de R$ 630 milhões por ano, o projeto poderia pagar-se em até 16 anos.
O empreendimento tem um custo estimado em cerca de R$ 10 bilhões, a serem investidos em um prazo de até oito anos.
Pelo estudo da Eletronuclear, a seleção do sítio preferencial teria que se dar neste ano de 2011.
O projeto prevê a participação de empresas privadas para o financiamento.
O Blog de Jamildo apurou junto a funcionários da Chesf - o blog tem fontes em todo o universo nuclear - que o governo Dilma pode até mesmo retardar a decisão de investir na opção nuclear, para investir na geração de energia a partir de térmicas convencionais.
A térmica tem a vantagem de ser localizada em qualquer lugar, por não depender de água para resfriamento. Ela também dispensa a proximidade da rede de distribuição porque pode ser instalada bem próximo aos centros consumidores, como Recife e Salvador.
Com menos tempo, por exemplo, seria possível ter duas térmicas de 500 megawatts do que uma usina nuclear de mil megawatts.
Baixa densidade populacional
Uma usina nuclear geralmente é instalada numa área de baixa densidade populacional, porque devem existir planos de segurança que exigem a retirada de todas as pessoas próximas da planta industrial em caso de emergência. Esta exigência ocorre somente porque é mais fácil desocupar uma área com poucas pessoas do que uma muito populosa.
A fabricação da energia a partir de reatores de energia nuclear é um processo limpo, pois só joga vapor de água na atmosfera. No entanto, o maior problema continua sendo o lixo gerado na fabricação. Ele tem que ser armazenado por muitos anos, em condições seguras, porque é altamente radiativo.
Blog do Jamildo
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
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